Amy Schumer é um dos nomes mais interessantes que
despontaram nos últimos anos na comédia norte-americana. Seu programa para a
televisão traz alguns sketches hilários na sua bem azeitada combinação de
crônica comportamental, ironia ácida, grosseria e mesmo um pouco de
escatologia, fazendo um retrato mordaz do universo feminino no século XXI. Um
dos grandes méritos de “Descompensada” (2015), longa-metragem escrito e
protagonizado por Schurmer, é justamente preservar a particular concepção
artística da autora/atriz dentro de um tradicional modelo de comédia romântica.
Não à toa, o diretor do filme é Judd Apatow, um dos diretores mais expressivos
no gênero da atualidade, vide alguns trabalhos memoráveis como “O virgem de 40
anos” (2005) e “Tá rindo de quê?” (2008). O roteiro de “Descompensada” traz
situações que permitem a Schurmer desfiar sua habitual verve cáustica sobre a
superficialidade e inconstância das relações sentimentais contemporâneas, mas
sem fazer com que tais momentos pareçam uma obra à parte dentro da trama principal
do filme. Pelo contrário – tais sequências cômicas se encaixam com naturalidade
dentro da estrutura de crônica familiar moral do filme. Nesse contexto, as
soluções finais da história podem soar um tanto conservadoras para os padrões
de Schurmer, mas ainda assim por vezes soam até efetivamente engraçadas. No
mais, Apatow consegue extrair alguns desempenhos antológicos de seu elenco, com
destaque para Tilda Swinton e a própria Schurmer.
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