O diretor francês Samuel Benchetrit consegue enquadrar “Fique
comigo” (2015) dentro de uma síntese insólita que combina abordagem
naturalista, realismo fantástico e comicidade agridoce. Ainda que não
exatamente arrebatador, o resultado final dessa proposta é uma narrativa
envolvente e que por vezes consegue surpreender o espectador por algumas inusitadas
soluções de roteiro e formais. Dentro desse particular universo da obra, cabem
elementos diversos que se relacionam de forma natural e convincente – a ambientação
desoladora de um prédio residencial decadente, o pouso de emergência de um
astronauta no condomínio em questão, o solteirão desempregado com problemas de
socialização que mente que é fotógrafo internacional para uma enfermeira por
quem é apaixonado, a relação inesperada entre um adolescente levemente
desajustado com uma atriz decadente e deprimida. A atmosfera do filme é algo
entre o bizarro e o discreto tom de conto moral, e que é bem sublinhada pelo
formalismo sutil da obra. Valoriza ainda mais “Fique comigo” as delicadas
composições dramáticas de Isabelle Huppert, Valeria Bruni Tedeschi e Gustave
Kervem.
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