quarta-feira, maio 04, 2016

Fique comigo, de Samuel Benchetrit ***

O diretor francês Samuel Benchetrit consegue enquadrar “Fique comigo” (2015) dentro de uma síntese insólita que combina abordagem naturalista, realismo fantástico e comicidade agridoce. Ainda que não exatamente arrebatador, o resultado final dessa proposta é uma narrativa envolvente e que por vezes consegue surpreender o espectador por algumas inusitadas soluções de roteiro e formais. Dentro desse particular universo da obra, cabem elementos diversos que se relacionam de forma natural e convincente – a ambientação desoladora de um prédio residencial decadente, o pouso de emergência de um astronauta no condomínio em questão, o solteirão desempregado com problemas de socialização que mente que é fotógrafo internacional para uma enfermeira por quem é apaixonado, a relação inesperada entre um adolescente levemente desajustado com uma atriz decadente e deprimida. A atmosfera do filme é algo entre o bizarro e o discreto tom de conto moral, e que é bem sublinhada pelo formalismo sutil da obra. Valoriza ainda mais “Fique comigo” as delicadas composições dramáticas de Isabelle Huppert, Valeria Bruni Tedeschi e Gustave Kervem.

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