Num primeiro momento, “O abutre” (2014) pode gerar
expectativas maiores a partir da temática que se delineia em suas sequências
iniciais. Ao mostrar a ascensão do marginal psicótico Lou Bloom (Jake
Gyllenhaal) como “repórter” de fatos a retratar um mundo cão, a trama evoca a
questão da ética no jornalismo em tempos de acelerados avanços tecnológicos e a
proliferação de sensacionalismo em programas televisivos. No desenvolver da
narrativa, entretanto, essas boas expectativas acabam se frustrando devido à abordagem
mais superficial do diretor Dan Gilroy. Dessa forma, talvez a melhor forma de
encarar o filme seria a de um suspense tradicional. E nesse viés, até que a
obra de Gilroy é bem eficiente, principalmente na construção de uma incômoda e
constante atmosfera tensa e sombria e na caracterização forte e expressiva de
Gyllenhaal. Ainda que as soluções finais do roteiro sejam previsíveis, é
inegável que revelam uma perturbadora coerência e guardem um considerável
impacto para o espectador.
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