terça-feira, maio 10, 2016

O abutre, de Dan Gilroy ***

Num primeiro momento, “O abutre” (2014) pode gerar expectativas maiores a partir da temática que se delineia em suas sequências iniciais. Ao mostrar a ascensão do marginal psicótico Lou Bloom (Jake Gyllenhaal) como “repórter” de fatos a retratar um mundo cão, a trama evoca a questão da ética no jornalismo em tempos de acelerados avanços tecnológicos e a proliferação de sensacionalismo em programas televisivos. No desenvolver da narrativa, entretanto, essas boas expectativas acabam se frustrando devido à abordagem mais superficial do diretor Dan Gilroy. Dessa forma, talvez a melhor forma de encarar o filme seria a de um suspense tradicional. E nesse viés, até que a obra de Gilroy é bem eficiente, principalmente na construção de uma incômoda e constante atmosfera tensa e sombria e na caracterização forte e expressiva de Gyllenhaal. Ainda que as soluções finais do roteiro sejam previsíveis, é inegável que revelam uma perturbadora coerência e guardem um considerável impacto para o espectador.

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