É claro que existem razões aparentes que fazem com que “Truman”
(2015) desperte algum ceticismo sobre suas qualidades. Afinal, a trama versa
sobre dois amigos que se reencontram devido ao fato de que para um deles restam
apenas alguns poucos meses de vida. Logo se pode pensar em vários momentos lacrimogêneos
e edificantes, com direito a todos os truques de manipulação emocional
habitualmente adotados por melodramas derramados. Ocorre, entretanto, que tais
previsões pessimistas não se concretizam, pois há uma sobriedade formal e mesmo
sentimental na condução narrativa efetivada pelo diretor espanhol Cesc Gay que
faz com que o filme evite boa parte das soluções fáceis e formulaicas que esse
tipo de produção poderia apresentar. Predomina uma atmosfera de melancolia
resignada e mesmo discreta comicidade, além de uma elegância estética, sendo
que esse tratamento artístico sereno faz com que a carga emocional afete de
maneira muito mais eficaz e memorável o espectador. Nesse sentido, de se
destacar pelos uma sequência antológica, aquela em que uma relação sexual serve
para catarse para sentimentos de frustração e perda.
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