Dá para perceber em “Meu amigo, o dragão” (2016) uma certa
abordagem conceitual diferente. Tanto em sua estética quanto no conteúdo, o
filme do diretor David Lowery parece querer recuperar uma atmosfera setentista em
termos de atmosfera e construção narrativa. Há um caráter de crônica nostálgica
e ingênua aliada a um viés ecológico na forma com que a trama é apresenta na
tela. Essa concepção provavelmente vem do fato da produção ser uma refilmagem
de uma animação de 1977. Diante de tais escolhas artísticas, a obra de Lowery
até tem algum encanto em determinadas passagens, fruto de uma encenação bem
coreografada na combinação de trucagens digitais e interação entre os
personagens. Por outro lado, essa ambientação agridoce por vezes retira a
capacidade do filme em gerar tensão para a plateia, o que seria fundamental
dentro de um trabalho no gênero aventura fantástica juvenil. Dá até para
entender que se buscou um perfil mais humano na caracterização dos dilemas e críticas
comportamentais presentes no roteiro, mas no geral essa coisa de fofice excessiva
faz com que os vilões e ameaças que surgem ao longo da história se mostrem
poucos críveis ou assustadores.
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