segunda-feira, outubro 03, 2016

Sete homens e um destino, de Antoine Fuqua ***

Essa refilmagem do clássico faroeste de 1960 dirigido por John Sturges está bem longe de cair na vala comum do mero oportunismo. O que o diretor Antoine Fuqua faz em “Sete homens e um destino” (2016) é uma releitura equilibrada, que tanto moderniza algumas nuances temáticas e traços estéticos quanto preserva a narrativa tradicional de western mitológico e épico. É claro que a comparação que se faz entre as duas obras diz muito sobre a mudança na linguagem do cinema de ação que se operaram nas décadas que separam as duas versões. Diante do formalismo mais frenético da produção desse ano, o filme de Sturges parece contemplativo, quase como se algo proveniente do cinema europeu. Ainda assim, o trabalho de Fuqua apresenta um certo rigor em sua realização, com um roteiro que dá alguma profundidade psicológica para os seus personagens e que faz com que algumas situações da história tenham um subtexto sócio-político bem delineado (o discurso inicial do latifundiário-vilão Bartholomew Bogue sobre a ligação capitalismo e religião é bastante revelador sobre a hipócrita moral da sociedade ocidental), além de um formalismo eficiente na sua síntese de fotografia épica, edição bem dosada nos seus cortes e sequências de ação coreografadas com precisão em suas profusões de tiros e destruição (com destaque para toda a sequência final do duelo entre os protagonistas e as dezenas de facínoras comandados por Bogue). E mesmo aspectos que poderiam soar forçados, como o fato dos “mocinhos” representarem um conjunto étnico mais diversificado, acabam se inserindo com naturalidade na narrativa. Tais escolhas artísticas de Fuqua fazem com que o seu filme tenha uma tendência mais realista do que a obra original, que tinha uma atmosfera mais mítica, evidenciando ainda que o cinema de ação contemporâneo dos grandes estúdios ainda é capaz de cativar o espectador sem apelar para excessos pseudo-modernos como os do terrível “Esquadrão Suicida”.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Assisti e gostei. Recomendo