sexta-feira, novembro 04, 2016

O contador, de Gavin O'Connor ***

A descrição de “O contador” (2016) como uma espécie de cruza picareta entre a “Bourne” com “Gênio indomável” (1997) pode parecer um exagero jocoso, mas também não deixa de ter a sua pertinência. Ou seja, pelo menos em termos de premissa de trama, a produção em questão não passa de uma bobagem escapista. Sorte que o diretor Gavin O’Connor, o mesmo do excelente “Guerreiro” (2011), consegue oferecer um senso narrativo envolvente e faz com que o roteiro sobre um contador autista com apurado treinamento militar que desvenda e destrói uma conspiração corporativa consiga gerar alguma tensão e interesse para o espectador. As cenas de ação envolvendo lutas e tiroteios são coreografadas com clareza e filmadas com uma fotografia elegante. Esse formalismo concebido por Gavin O’Connor é até previsível, entretanto é executado com precisão e convicção. Até a habitual inexpressividade de Ben Affleck consegue ser aproveitada dramaticamente tendo em vista o distúrbio do protagonista. E é interessante também notar que mesmo uma história repleta de inverossimilhanças como a apresentada no filme revela um subtexto um tanto nebuloso, na forma com que a lei e seus respectivos agentes (policiais, políticos e afins) são retratados como ineficientes na busca de justiça, e reforçando a necessidade de indivíduo suprir tais “lacunas” com iniciativas próprias truculentas. Os fãs da barbárie de toga no Brasil provavelmente vão se identificar...

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