quinta-feira, novembro 17, 2016

O plano de Maggie, de Rebecca Miller ***

A influência que talvez mais salte aos olhos ao se assistir a “O plano de Maggie” (2015) seria a filmografia de Woody Allen. A diretora norte-americana Rebecca Miller evoca algumas referências tanto do estilo de filmar quanto na concepção de roteiro típicos do estilo de Allen. Estão lá a concepção formal que por vezes emula uma espécie de documentário caseiro, o senso de humor que sintetiza leveza e amargura, a trama repleta de situações entre o inusitado e o embaraçoso, além de personagens confusos em termos sentimentais e existenciais. O resultado final, contudo, está longe do mero pastiche. Os truques dramáticos e cômicos da história são eficientes em suas cirandas amorosas e quiproquós familiares, além de condensarem com alguma crueza alguns dos principais dilemas e contradições de uma certa classe média intelectual contemporânea. A encenação proposta por Miller tem naturalidade e apresenta nuances que procuram fugir das soluções fáceis, tendência essa que é reforçada pela trinca principal do elenco em interpretações que trazem complexidade e ironia nas doses certas.

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