segunda-feira, novembro 06, 2017

Thor: Ragnarok, de Taika Waititi ***1/2

Em alguns posts que escrevi neste blog falando sobre filmes que adaptavam o universo das HQs de super-heróis para as telas, foi mencionada a necessidade das obras do gênero em questão em procurar preservar uma certa essência dos quadrinhos originais nessa transposição de uma mídia para outra visando resgatar aquilo que personagens e histórias dos “comics” têm de interessante e peculiar que justificam a sua perenidade. Pois “Thor: Ragnarok” (2017) acaba sendo um desmentido enfático dessa tese! O diretor neozelandês Taika Waititi pega figuras, conceitos e outros elementos diversos do clássico universo da Marvel e os recria num contexto diferente e algo delirante, mas sempre transparecendo uma coerência artística-existencial desconcertante. Tentando resumir, dá para dizer que esse novo capítulo das aventuras do mais famoso deus de Asgard pega toda aquela solene mitologia nórdica típica do protagonista e a enquadra numa lógica estética e temática que remete diretamente a produções de ficção científica barata dos anos 80 (impressão essa acentuada pela divertida e esquisita trilha sonora baseada em tecnopop concebida por Mark Mothersbaugh, ex-integrante da banda new wave Devo), o que coloca o filme diretamente em sintonia com a franquia de “Os guardiões da galáxia”. Tal orientação artística, entretanto, não faz com que “Thor: Ragnarok” caia na mera paródia, ainda que haja um considerável número de cenas e diálogos movidos a piadinhas infames. Na narrativa, há tudo aquilo que um bom filme de super-heróis deveria ter: cenas de ação coreografadas e encenadas com precisão e detalhismo memoráveis, concepção visual de grafismo expressivo e criativo, sequências com forte tensão dramática e personagens bem construídos e carismáticos. Ou seja, uma ótima surpresa para aqueles que tinham ficado decepcionados com a tendência para o romantismo xaroposo dos dois primeiros filmes do personagem. Já para quem conhecia o longa anterior de Waititi, a pérola cult “O que fazemos na sombra” (2014), excêntrica comédia a tirar um sarro dos clichês habituais dos filmes de vampiros, acaba não sendo uma surpresa tão grande assim, ainda que “Thor: Ragnarok” revele uma forte evolução artística por parte de Waititi.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Thor: Ragnarok é uma piada pronta do começo ao fim, mas de uma forma deliciosa ao ser degustada e muito bem vinda. Saiba mais no meu blog https://cinemacemanosluz.blogspot.com.br/2017/11/cine-dica-em-cartaz-thor-ragnarok.html