Na função de diretor, o britânico Kenneth Branagh tem como
obras mais destacadas algumas recriações vigorosas e criativas de trabalhos de
Shakespeare como “Henrique V” (1989), “Muito barulho por nada” (1993) e “Hamlet”
(1996). Tal fato fez com que produtores o convocassem com certa frequência para
a releitura de obras e personagens clássicos de diversos meios de expressão, no
desejo de oferecer uma abordagem de maior estofo dramático e narrativo. Nesse
sentido, a produção em que melhor atingiu esse objetivo foi a bela adaptação de
“Cinderela” (2015). Em outros casos, entretanto, os resultados finais foram
decepcionantes, vide “Thor” (2011) e “Operação sombra: Jack Ryan” (2014). Sua
obra mais recente nessa vertente, “Assassinato no Expresso do Oriente” (2017),
incursão do cineasta pelo universo do mais popular livro da escritora Agatha
Christie, fica enquadrada também na categoria frustrante. Pode-se perceber um
certo requinte em termos de direção de arte e atmosfera, além de Branagh
conseguir extrair algumas atuações carismáticas de seu elenco. Mais tais
aspecto positivos são insuficientes para a apagar a má impressão de uma
narrativa amorfa, uma composição cênica/visual marcada pela assepsia e um
roteiro que resvala no melodramático excessivo, principalmente nos exageros
cafonas do terço final do filme. A opulência audiovisual concebida por Branagh
é vazia e tediosa e poucas vezes consegue trazer algum efetivo encanto para o
espectador.
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