A parceria entre Cláudio Cunha na direção e Carlos
Reichenbach no roteiro em “Snuff –Vítimas do prazer” (1977) tem como resultado
final justamente aquilo que se poderia esperar de uma união dessas – uma síntese
muito bem delineada entre inventividade artística e ambientação sórdida
exploitation, combinação habitual naquilo de melhor que o cinema da Boca do
Lixo produziu. Roteiro e narrativa obedecem aos preceitos básicos dos gêneros
horror e suspense, mas também conseguem criar um subtexto e atmosfera repletos
de nuances irônicas e dramáticas, além de uma vigorosa simbologia visual e
textual. Dentro de tal concepção artística, há detalhes cênicos antológicos,
como a forma insólita em que a música clássica se insere em sequências marcadas
pela escatologia, o grafismo violento de algumas cenas, o erotismo misto de galhofeiro
e sensual e as composições dramáticas viscerais e cheias de verve de boa parte
do elenco.
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