Há de se concordar com pelo menos uma coisa em relação à
mais recente trilogia “Star Wars” – há uma certa coerência artística e
existencial entre os dois primeiros capítulos. Isso porque “Os últimos Jedi”
(2017) desperta a mesma impressão que “O despertar da força” (2015): são filmes
que mais parecem uma reciclagem oportunista e sem inspiração das produções clássicas
do que obras que acrescentam algo de novo à mitologia original criada por
George Lucas ou mesmo emulem uma continuação natural da saga de ficção
científica mais famosa da história do cinema moderno. Nesse longa mais recente,
até há alguns pontos positivos, como a bela direção de fotografia, algumas
sequências de ação que remetem a uma escola clássica de cinema de aventura e
mesmo e, por vezes, a caracterização de Mark Hammil como o lendário Luke
Skywalker que impressiona por um forte caráter icônico. Tais acertos,
entretanto, representam muito pouco para salvar uma narrativa destituída de
densidade dramática convincente, uma encenação apática e um roteiro que vai do
nada para o lugar nenhum. Além disso, fica reforçada a constatação que os novos
personagens da trilogia são destituídos de interesse e carisma, com “destaque”
absoluto para o ridículo vilão criança mimada Kylo Ren (Adam Driver), enquanto
as figuras clássicas são maltratadas de maneira burra e impiedosa pela forma
apelativa com que são utilizadas. Nesse último ponto, a morte de Luke Skywalker
é absurdamente anticlimática e sem sentido, parecendo apenas visar uma
manipulação sentimental gratuita. No cômputo geral, “Os últimos Jedi” joga fora
a boa impressão causada pelo ótimo “Rogue One” (2016) e faz temer até onde essa
picaretice mercadológica pode chegar.
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