O diretor Sean Anders atinge uma proeza considerável em “Pai
em dose dupla 2” – fazer com que uma sequência não se caracterize como
meramente oportunista e que consegue ainda ser melhor que o primeiro filme.
Essa continuação explora basicamente as mesmas questões temáticas e
direcionamento narrativo da produção anterior, mas de uma maneira mais
alucinada e sentimental (por mais contraditório que isso possa parecer). Anders
privilegia com maior intensidade os aspectos grosseiros e exagerados da comédia
física, com forte ênfase nesse lado para cenas envolvendo constrangimentos e
desastres com o personagem apatetado Brad (Will Ferrell), ao mesmo tempo que o
lado de crítica de costumes se harmoniza com bizarra fluência com um insólito e
até bem sacado tom de lições edificantes de vida. A direção de Anders dá uma
fluência admirável na conciliação desses diferentes polos da narrativa e que se
mostra em sintonia com o mote principal do roteiro – o confronto entre a imagem
idealizada de durão do típico macho norte-americano com a tendência para a
emotividade derramada típica do cidadão de classe média. Complementando essas
belas sacadas criativas da direção, há um elenco bastante inspirado, do
quarteto principal de atores até o elenco infantil, e a excelente utilização
das canções natalinas da trilha sonora (destaque para a memorável sequência dos
personagens acampados dentro de um cinema).
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