O documentário brasileiro “Waiting for B.” (2015) tem por
ponto de partida uma premissa até bem simples: o retrato do cotidiano de alguns
jovens que se encontravam acampados a dias em frente ao Estádio Morumbi para o
show que a cantora Beyoncé deu no local em 2013. Em termos existenciais, alguns
aspectos unem esses garotos – a maioria é de origem humilde em termos
econômicos e são homossexuais, com uma trajetória de vida com vários episódios
de preconceito e discriminação. O filme, entretanto, passa longe do simples
retrato sociológico ou da pura reportagem. Os diretores Paulo Cesar Toledo e
Abigail Spindel conseguem elaborar uma narrativa cativante, alternando diversas
ambientações e situações de maneira fluente e coesa, indo das conversas bem-humoradas
e as sessões de coreografias dos fãs da cantora nas filas, passando pela crueza
do registro do dia-a-dia de alguns deles com a família e no trabalho e
concluindo com o frenesi e tensão do dia da apresentação de Beyoncé. Diante
desse quatro estético-temático, o resultado final é uma obra de forte caráter
libertário na forma com que consegue conciliar em sua abordagem tanto a
contundência de seu discurso comportamental desafiador quanto uma certa leveza
no teor de ironia sagaz que perpassa o filme quando os seus protagonistas estão
em cena.
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