sexta-feira, dezembro 01, 2017

Elvis & Nixon, de Liza Johnson **1/2

O encontro real entre Elvis Presley e Richard Nixon foi um evento histórico que trouxe uma carga simbólica muito forte: o rei do rock, o ícone máximo de um gênero musical e mesmo comportamental que teve no DNA de sua formação um forte caráter de rebeldia, se declarou disposto a colaborar com um dos líderes políticos mais conservadores do século XX. Ou seja, a riqueza de aspectos contraditórios e complexos de mais de uma geração da sociedade ocidental estava sintetizada na reunião desses dois homens. Diante de tais circunstâncias, a produção norte-americana “Elvis & Nixon” (2016) se mostrava bastante promissora ao propor a recriação dramática desse fato controverso. Ocorre, entretanto, que a abordagem da diretora Liza Johnson passa bem distante tanto de uma maior profundidade temática quanto de uma narrativa mais inquietante. Roteiro e encenação privilegiam um viés cômico e superficial, sem sugerir maiores leituras sociais e culturais sobre o significado de premissa maior da trama. A cineasta enfatiza mais uma caracterização caricatural a sugerir o ridículo de algumas situações e personagens, num direcionamento que por vezes até chega a ser levemente divertidos, mas nada que vá muito além disso, impressão essa acentuada nas atuações cartunescas e carismáticas de Michael Shannon e Kevin Spacey nos papeis principais.

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