O encontro real entre Elvis Presley e Richard Nixon foi um
evento histórico que trouxe uma carga simbólica muito forte: o rei do rock, o
ícone máximo de um gênero musical e mesmo comportamental que teve no DNA de sua
formação um forte caráter de rebeldia, se declarou disposto a colaborar com um
dos líderes políticos mais conservadores do século XX. Ou seja, a riqueza de
aspectos contraditórios e complexos de mais de uma geração da sociedade
ocidental estava sintetizada na reunião desses dois homens. Diante de tais
circunstâncias, a produção norte-americana “Elvis & Nixon” (2016) se
mostrava bastante promissora ao propor a recriação dramática desse fato
controverso. Ocorre, entretanto, que a abordagem da diretora Liza Johnson passa
bem distante tanto de uma maior profundidade temática quanto de uma narrativa
mais inquietante. Roteiro e encenação privilegiam um viés cômico e superficial,
sem sugerir maiores leituras sociais e culturais sobre o significado de premissa
maior da trama. A cineasta enfatiza mais uma caracterização caricatural a
sugerir o ridículo de algumas situações e personagens, num direcionamento que
por vezes até chega a ser levemente divertidos, mas nada que vá muito além
disso, impressão essa acentuada nas atuações cartunescas e carismáticas de
Michael Shannon e Kevin Spacey nos papeis principais.
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