Há elementos narrativos e temáticos que são recorrentes no
cinema de Hong Sanso-soo: a câmera que se move emulando uma filmagem caseira,
jovens mulheres que se envolvem amorosamente com homens mais velhos
comprometidos, personagens e situações ligados ao mundo do cinema, sequências
de diálogos entre o prosaico e o intimista que se desenvolvem em uma mesa para
refeições, o fluxo temporal que não obedece necessariamente a uma ordem linear.
Tudo isso está presente novamente em “A câmera de Claire” (2017) e ainda assim
a produção traz um frescor artístico encantador, como se o cineasta pudesse
extrair de tal concepção estética/textual sempre alguma surpresa sutilmente
desconcertante para o espectador. Nesse peculiar estilo de filmar, a presença
luminosa de Isabelle Hupert cai como uma luva. Sua atuação tem a medida certa
entre a leveza de seus gestos e expressões e a sutileza psicológica com que se
torna um catalizador involuntário de emoções para os demais personagens.
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