Dentro da retomada da franquia “Star Wars”, pelo menos uma
coisa fica evidente: os spin offs da série são bem melhores que os capítulos
que dão prosseguimento à saga. Isso porque “Rogue One” (2016) e “Han Solo” (2018)
mostram narrativas, roteiros e encenações mais focadas e em sintonia
existencial-artística mais consistente com os filmes clássicos anteriores do
que “O despertar da força” (2015) e “Os últimos Jedi” (2017). Se “Rogue One”
tinha uma cara de produção B de orçamento milionário que cruzava
ficção-científica e filmes de guerra, “Han Solo” dá a impressão de um “Indiana
Jones” que se passa no espaço sideral. Esse pique de aventura oitentista é
perfeitamente compreensível – Ron Howard, nome expressivo nessa linhagem cinematográfica,
é o responsável pela direção. Ele faz tudo à moda antiga. Ainda que as
trucagens digitais deem o ar contemporâneo, o ritmo narrativo e a trama remetem
a um estilo mais tradicional de filmar, quase anacrônico, mas que se mostra
eficiente em termos de ação e suspense. Nada que chegue a ser especificamente
brilhante, Howard nunca foi um cineasta de obras-primas e de grandes arroubos
criativos, mas “Han Solo” é divertido e por vezes até mesmo cativante. E isso,
em termos de um blockbuster de ficção-científica de aventura, é um tremendo
mérito. E mesmo dentro desse caráter escapista, o filme consegue ter uma certa
densidade dramática, principalmente na caracterização de personagens e nos
dilemas éticos-morais da história. Tanto que os desdobramentos finais da trama
deixam certa curiosidade pelo destino de alguns personagens, principalmente da ambígua
Kira (Emilia Clarke) – já em “Os últimos Jedi”, por exemplo, a conclusão era
tão frouxa que a lembrança e interesse pelas figuras da trama rapidamente se
esvanecem após o término da exibição.
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