segunda-feira, junho 25, 2018

Hereditário, de Ari Aster ***


Não há como analisar “Hereditário” (2018) sem dissociar de todos os comentários e expectativas que cercam o filme. Guardado às devidas proporções, faz lembrar todo o marketing que se construiu em torno de “A bruxa de Blair” (1999) na época de seu lançamento. E nos dois casos, o resultado final fica aquém de toda a lenda publicitária/midiática estabelecida. No caso do filme dirigido por Ari Aster, essa constatação não implica que que a obra em questão seja ruim. Pelo contrário. “Hereditário” tem um cuidado formal e narrativo até acima da média em relação ao que vem sendo feito no gênero nos últimos anos. É belamente fotografado, encenação e trilha sonora constroem uma convincente atmosfera de tensão, o roteiro tem uma lógica construída com rigor e o elenco apresenta caracterizações dramáticas bem delineadas. Também é verdade, entretanto, que o filme pouco transcende dessa linha do competente. É bastante genérico e conservador dentro da linha de horror sobrenatural envolvendo conspirações demoníacas. Na comparação, para ficarmos dentro dessa linhagem cinematográfica, fica bem distante, por exemplo, da criatividade estética e do tom libertário-existencial de “A bruxa” (2015).

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