Não há como analisar “Hereditário” (2018) sem dissociar de
todos os comentários e expectativas que cercam o filme. Guardado às devidas proporções,
faz lembrar todo o marketing que se construiu em torno de “A bruxa de Blair” (1999)
na época de seu lançamento. E nos dois casos, o resultado final fica aquém de
toda a lenda publicitária/midiática estabelecida. No caso do filme dirigido por
Ari Aster, essa constatação não implica que que a obra em questão seja ruim.
Pelo contrário. “Hereditário” tem um cuidado formal e narrativo até acima da média
em relação ao que vem sendo feito no gênero nos últimos anos. É belamente
fotografado, encenação e trilha sonora constroem uma convincente atmosfera de
tensão, o roteiro tem uma lógica construída com rigor e o elenco apresenta
caracterizações dramáticas bem delineadas. Também é verdade, entretanto, que o
filme pouco transcende dessa linha do competente. É bastante genérico e
conservador dentro da linha de horror sobrenatural envolvendo conspirações
demoníacas. Na comparação, para ficarmos dentro dessa linhagem cinematográfica,
fica bem distante, por exemplo, da criatividade estética e do tom libertário-existencial
de “A bruxa” (2015).
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