Quando foi lançado nos cinemas, “Criaturas 2” (1988) foi
encarado por grande parte do público e a crítica como mais um derivado da
franquia “Gremlins”. O próprio diretor Mick Garris, em depoimento dado em
sessão comentada do filme em questão no XIV FANTASPOA, admitiu que foi chamado
em virtude de sua ligação artística com Steven Spielberg, um dos principais
produtores de “Gremlins”. Com o passar dos anos, entretanto, essa impressão de
mera cópia foi se atenuando até chegar um ponto em que hoje em dia “Criaturas 2”
ganhou uma categorização de pérola obscura do cinema fantástico oitentista.
Garris não tinha a pretensão de fazer uma grande obra-prima do horror ou ficção
científica. Apenas se valeu de maneira eficiente das principais referências estéticas
e temáticas do cinema B norte-americano da época – o uso das trucagens visuais
é preciso e tem um encanto imagético perene, as atuações do elenco variam de
maneira divertida entre o caricatural e o simpático, o roteiro aparentemente
bobo e escapista esconde um subtexto de crítica sutil ao american way of life,
o grafismo violento e exagerado remente ao cartunesco, a encenação é variada e
de admirável desenvoltura tanto no quesito aventura quanto nas sequências mais
baseadas em diálogos (distante, aliás, das narrativas frenéticas atordoantes
dos blockbusters contemporâneos). Ou seja, no cômputo geral, “Criaturas 2” é um
passatempo nostálgico, beirando o anacrônico, mas que ainda assim revela alguns
agradáveis pontos criativos.
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