quarta-feira, janeiro 06, 2016

Macbeth: Ambição e guerra, de Justin Kurzel ***

A essa altura do campeonato, o espectador mais cético deve achar que mais uma adaptação cinematográfica para a clássica peça shakespeariana “Macbeth” não teria muito a acrescentar (ainda mais se alguém for lembrar do recente “A floresta que se move”, tenebrosa produção brasileira que se inspira na obra-prima do bardo inglês). Justiça seja feita, entretanto, que “Macbeth: Ambição e guerra” (2015) é um trabalho que faz uma releitura vigorosa da trágica história do personagem-título. O diretor Justin Kurzel não apresenta propriamente grandes novidades em suas concepções artísticas, mas revela forte criatividade na encenação e na caracterização visual de seu filme. Um olhar mais apressado pode achar que se tratar de uma abordagem naturalista da peça, só que aos poucos a narrativa vai se revelando cada vez mais estilizada em suas nuances pictóricas e na caracterização de personagens e situações. Por vezes essa atmosfera difusa entre a linguagem realista e a marcação teatral faz a narrativa ficar um tanto truncada e enfadonha. O forte no filme é justamente quando a ação come solta – nesse sentido, as sequências de batalhas e carnificinas revelam ideias muito bem executadas, em que os níveis de violência e brutalidade dão uma forte dimensão dramática para a obra. A comparação pode soar forçada, mais tais cenas fazem lembrar um “300” (2006) bem melhor dirigido. Além disso, o elenco está em sintonia com o espírito da obra, oferecendo atuações sanguíneas e expressivas, devendo-se destacar também a bela e climática trilha sonora. No geral, não dá para dizer que essa seja a versão cinematográfica definitiva da obra em questão, talvez esse título caiba à magnífica recriação forjada por Roman Polanski em 1971. Ainda assim, é um esforço bem digno e recompensador por parte de Kurzel.

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