Tentar trazer para o universo cinematográfico um universo
tão particular como os quadrinhos originais de Charles M. Schulz não é uma das
tarefas mais fáceis. Por trás da leveza do traço e da graciosidade de alguns
personagens e situações, existia nas tirinhas do consagrado quadrinista um
certo veneno existencial que ultrapassava os limites do simplesmente fofinho.
Algumas décadas atrás, foram lançados alguns episódios de animação para a
televisão que se tornaram antológicos justamente por saber preservar a ironia
amarga tão característica de Peanuts. Essa sutileza artística é o grande ponto
fraco de “Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o filme” (2015). Num primeiro
momento, até dá para simpatizar com a beleza do traço, que mescla estilização
com simplicidade. E se pode perceber também que o diretor Steve Martino soube
preservar algumas características básicas e dilemas dos principais personagens
da série. Ocorre, entretanto, que num contexto geral o filme se rende a um
roteiro e a uma estrutura narrativa convencionais em demasia, com os principais
conflitos da trama se submetendo a uma lógica moralista e edificante. Há uma
pasteurização das figuras criadas por Schulz, como se procurassem adequar
aquele universo dentro de uma lógica mais acessível em termos comerciais.
Talvez esse direcionamento possa render alguns dividendos para seus produtores,
mas dificilmente essa será a animação definitiva sobre Snoopy, Charlie Brown e
sua turma. Assim, é melhor continuar com as reedições das HQs...
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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