quinta-feira, janeiro 28, 2016

Snoopy e Charlie Brown - Peanuts, o filme, de Steve Martino **1/2

Tentar trazer para o universo cinematográfico um universo tão particular como os quadrinhos originais de Charles M. Schulz não é uma das tarefas mais fáceis. Por trás da leveza do traço e da graciosidade de alguns personagens e situações, existia nas tirinhas do consagrado quadrinista um certo veneno existencial que ultrapassava os limites do simplesmente fofinho. Algumas décadas atrás, foram lançados alguns episódios de animação para a televisão que se tornaram antológicos justamente por saber preservar a ironia amarga tão característica de Peanuts. Essa sutileza artística é o grande ponto fraco de “Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o filme” (2015). Num primeiro momento, até dá para simpatizar com a beleza do traço, que mescla estilização com simplicidade. E se pode perceber também que o diretor Steve Martino soube preservar algumas características básicas e dilemas dos principais personagens da série. Ocorre, entretanto, que num contexto geral o filme se rende a um roteiro e a uma estrutura narrativa convencionais em demasia, com os principais conflitos da trama se submetendo a uma lógica moralista e edificante. Há uma pasteurização das figuras criadas por Schulz, como se procurassem adequar aquele universo dentro de uma lógica mais acessível em termos comerciais. Talvez esse direcionamento possa render alguns dividendos para seus produtores, mas dificilmente essa será a animação definitiva sobre Snoopy, Charlie Brown e sua turma. Assim, é melhor continuar com as reedições das HQs...

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