terça-feira, outubro 24, 2017

Cacaso na corda bamba, de José Joaquim Salles e PH Souza **1/2

Os mais ranhetas podem implicar com a prolífica relação que se estabeleceu no cinema nacional nos últimos anos entre o gênero documentário e a temática relacionada à história da música brasileira, principalmente pelo fato de que boa parte das produções que se originaram de tal relação não é marcada por grandes ousadias formais e narrativas. O que ocorre é que o universo do cancioneiro nacional é tão amplo que se torna um assunto praticamente inesgotável pela riqueza de artistas de relevo com quem o país conta ou já contou, tanto em nomes conhecidos e consagrados quanto daqueles mais obscuros. Nessa última vertente, enquadra-se Antônio Carlos Brito, o biografado de “Cacaso na corda bamba” (2016). Em um primeiro momento, confesso que a figura desse poeta e letrista me soava desconhecida. Ao assistir ao filme dos diretores José Joaquim Salles e PH Souza, entretanto, constatei que lá para o meu imaginário cultural particular ele era alguém próximo, sendo coautor de canções ao lado Edu Lobo e Francis Himes que estavam lá coladas na minha memória. O formato narrativo do documentário é aquele mesmo que se está acostumado, com entrevistas e imagens de arquivos se entrelaçando de maneira correta e nada mais, mas o teor de tal material é tão interessante e de forte caráter humanista que o espectador acaba se envolvendo com a história contada e por vezes mesmo encantado com o singular talento de Cacaso, além de também ficar comovido com o fato de sua morte precoce. Essa gama de sensações já torna “Cacaso na corda bomba” uma experiência mais que válida.

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