Os mais ranhetas podem implicar com a prolífica relação que
se estabeleceu no cinema nacional nos últimos anos entre o gênero documentário
e a temática relacionada à história da música brasileira, principalmente pelo
fato de que boa parte das produções que se originaram de tal relação não é
marcada por grandes ousadias formais e narrativas. O que ocorre é que o
universo do cancioneiro nacional é tão amplo que se torna um assunto
praticamente inesgotável pela riqueza de artistas de relevo com quem o país
conta ou já contou, tanto em nomes conhecidos e consagrados quanto daqueles
mais obscuros. Nessa última vertente, enquadra-se Antônio Carlos Brito, o
biografado de “Cacaso na corda bamba” (2016). Em um primeiro momento, confesso
que a figura desse poeta e letrista me soava desconhecida. Ao assistir ao filme
dos diretores José Joaquim Salles e PH Souza, entretanto, constatei que lá para
o meu imaginário cultural particular ele era alguém próximo, sendo coautor de
canções ao lado Edu Lobo e Francis Himes que estavam lá coladas na minha
memória. O formato narrativo do documentário é aquele mesmo que se está
acostumado, com entrevistas e imagens de arquivos se entrelaçando de maneira
correta e nada mais, mas o teor de tal material é tão interessante e de forte
caráter humanista que o espectador acaba se envolvendo com a história contada e
por vezes mesmo encantado com o singular talento de Cacaso, além de também
ficar comovido com o fato de sua morte precoce. Essa gama de sensações já torna
“Cacaso na corda bomba” uma experiência mais que válida.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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