segunda-feira, outubro 23, 2017

Logan Lucky - Roubo em família, de Steven Soderbergh ***

Parece que aquela síntese entre os gêneros policial e ação envolvendo uma trama relacionada a grandes roubos e falcatruas afins é a praia favorita do diretor norte-americano Steven Soderbergh. “Logan Lucky – Roubo em família” (2017) é a sua mais nova incursão a esse estilo de filme, com uma estrutura narrativa que remete diretamente à franquia de “Onze homens e um segredo”, só que com adicional de cenários e personagens remeterem ao universo de caipiras sulistas. Se os filmes anteriores tinham uma atmosfera irônica e sequências de caráter cômico, “Logan Lucky” acentua ainda mais o caráter jocoso, com momentos que beiram a paródia. O roteiro é bem menos lapidado e a condução da narrativa em certo momentos evidencia uma certa frouxidão. Dá a impressão de que Soderbergh e elenco estavam mais a afim de se divertir fazendo o filme do que propriamente interessados em uma produção bem-acabada. Esse desleixo fica evidente na meia-hora inicial do longa, que cai com frequência na indulgência e na pura chatice. Mas é quando a trama começa a esboçar os preparativos para o grande assalto que é o mote principal do roteiro que a obra diz a que veio. Daí sim podemos sentir a habitual habilidade narrativa de Soderbergh de transformar clichês formais e temáticos em algo envolvente para o espectador. A encenação fica bem mais precisa, a montagem apresenta uma dinâmica sedutora, as atuações do elenco se configuram com mais nuances dramáticas e cômicas. De bônus, há uma interessante abordagem mista de sacanagem e carinho com os valores sulistas e uma sensacional trilha sonora cancioneira. Ou seja, no final das contas Soderbergh não entrega uma obra-prima na linha de “Irresistível paixão” (1998), mas ainda se mostra capaz de gerar um trabalho bastante divertido e memorável.

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