sexta-feira, outubro 13, 2017

Cícero Dias, o compadre de Picasso, de Vladimir Carvalho ***

Na filmografia de documentários do cineasta Vladimir Carvalho se pode perceber a busca por uma síntese narrativa-existencial a traçar a particular trajetória histórica-cultural do Brasil na exposição de eventos marcantes ou de figuras de relevo na história do país. Em seu longa-metragem mais recente, “Cícero Dias, o compadre de Picasso” (2016), o diretor mantém a sua habitual abordagem artística ao contar a história do pintor Cícero Dias. A obra não mostra maiores arroubos criativos e dramáticos, estando longe da força estética e temática de trabalhos antológicos como “Conterrâneos velhos de guerra” (1990) e “Rock Brasília – A era de ouro” (2011). Ainda assim, é um documentário acima da média na maneira envolvente e didática com que consegue conciliar os aspectos intimistas da vida do biografado com o contexto sócio-político-cultural que o cercava. Em tempos que a iniciativa de reacionários e fascistas em determinar o fechamento de exposições que desafiam o moralismo hipócrita e oportunista é vista como algo normal e louvável, é saudável assistir a uma obra que exalta a sensibilidade e a ousadia de um artista que buscou em sua atividade criativa transcender o óbvio e as concepções repressoras daquilo que é considerado “belo”.

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