Em alguns de seus filmes anteriores, o diretor australiano
John Hillcoat se mostrou um criativo recriador do cinema de gênero, enveredando
com resultados extraordinários pelo faroeste (“A proposta”), pela ficção
científica (“A estrada”) e pelo policial de época na linha gangster (“Os
infratores”). Assim, ao se saber que o seu projeto seguinte, “Polícia em poder
da máfia” (2016), trilharia o gênero policial contemporâneo, as expectativas só
poderiam ser altíssimas. O resultado, entretanto, ainda que competente, acaba
soando frustrante. O elenco é carismático (ainda que Kate Winslet abuse da
canastrice), algumas sequencias de ação são bem executadas e a narrativa é até
envolvente, mas o filme está longe da marcante fúria sensorial e da estética
mista de crueza casca grossa e requinte visual dos celebrados trabalhos
pregressos de Hillcoat. Parece mais uma eficiente produção genérica de um
diretor tarefeiro de Hollywood do que a obra de um cineasta de talento
singular.
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