O diretor norte-americano Jared Hess conseguiu um feito
considerável ao mostrar uma concepção narrativa renovadora para o gênero
comédia nos filmes “Napoleon Dynamite” (2004) e “Nacho Libre” (2006). Em “Gênios
do crime” (2016), ele se mostra mais adaptado a convenções em termos formais e
temáticos, mas ainda assim consegue oferecer uma produção acima da média. Sua
encenação tem uma fluidez notável, principalmente em termos de interação entre
os personagens, valorizando as nuances entre o sórdido e o cômico presentes no
roteiro. É claro que os tradicionais clichês narrativos desse tipo de produção
estão presentes. Contudo, eles por vezes até são pervertidos em nome de uma
visão ácida sobre a breguice e o arrivismo de uma parte expressiva da sociedade
norte-americana, além da propensão para o humor negro e algo escatológico de
algumas sequências. Hess extrai ainda boas atuações de seu elenco (mesmo os
habituais exageros pretensamente cômicos de Zach Galifianakis se mostram
eficientes em cena). Nesse contexto geral, “Gênios do crime” acaba soando como
uma paródia escrota do melhor que os irmãos Coen fizeram dentro daquela síntese
entre comédia e suspense. E isso é um elogio!
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