O grande mérito de “Psicopata americano” (2000) é o fato
dele sair do lugar-comum ao tratar de sua temática – ao invés da típica
formatação dos gêneros suspense e horror a versarem sobre assassinos seriais, a
produção dirigida por Mary Harron prefere a abordagem de uma comédia de humor
negro em tons algo delirantes e repleta de simbologias sobre as relações de
poder na sociedade contemporânea. Por vezes, essa carga de metáforas visuais e
textuais se mostra um tanto óbvia e explícita na forma com que relaciona o
desejo insaciável por violentos homicídios do protagonista Patrick Bateman (Christian
Bale) com a sua rotina competitiva e vazia em termos existenciais como
executivo bem-sucedido financeiramente e frequentador das altas rodas sociais
na vida noturna nova-iorquina. O fato da trama se situar nos anos 80, período
de ascensão e auge dos yuppies, acentua ainda mais esse lado de crítica ao
consumismo desumano e desenfreado a se refletir no sadismo sem limites do
personagem principal. Esse lado de fábula moral previsível, entretanto, é
compensado por algumas sequências memoráveis na sua síntese de comicidade
insólita e exagerada brutalidade gráfica. A atuação de Bale é outro ponto alto,
conciliando fúria alucinada e senso de humor canastrão com uma naturalidade
admirável.
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