segunda-feira, maio 07, 2018

Psicopata americano, de Mary Harron ***


O grande mérito de “Psicopata americano” (2000) é o fato dele sair do lugar-comum ao tratar de sua temática – ao invés da típica formatação dos gêneros suspense e horror a versarem sobre assassinos seriais, a produção dirigida por Mary Harron prefere a abordagem de uma comédia de humor negro em tons algo delirantes e repleta de simbologias sobre as relações de poder na sociedade contemporânea. Por vezes, essa carga de metáforas visuais e textuais se mostra um tanto óbvia e explícita na forma com que relaciona o desejo insaciável por violentos homicídios do protagonista Patrick Bateman (Christian Bale) com a sua rotina competitiva e vazia em termos existenciais como executivo bem-sucedido financeiramente e frequentador das altas rodas sociais na vida noturna nova-iorquina. O fato da trama se situar nos anos 80, período de ascensão e auge dos yuppies, acentua ainda mais esse lado de crítica ao consumismo desumano e desenfreado a se refletir no sadismo sem limites do personagem principal. Esse lado de fábula moral previsível, entretanto, é compensado por algumas sequências memoráveis na sua síntese de comicidade insólita e exagerada brutalidade gráfica. A atuação de Bale é outro ponto alto, conciliando fúria alucinada e senso de humor canastrão com uma naturalidade admirável.

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