sexta-feira, maio 18, 2018

Viagem fantástica, de Richard Fleischer ***1/2


Há uma diferença fundamental entre o anacrônico e o clássico? Um filme como “Viagem fantástica” (1966) acaba suscitando esse tipo de dúvida. Dentro do gênero aventura fantástica, a produção dirigida por Richard Fleischer se formata por elementos praticamente em desuso no cenário contemporâneo. O ritmo da narrativa parece quase contemplativo diante da dinâmica frenética, por exemplo, dos filmes de super-heróis da Marvel ou da DC, as trucagens baseadas em coloridos cenários e seres de isopor e afins estão distantes do hiper-realismo dos efeitos digitais proeminentes nos dias de hoje e a encenação tem um caráter entre o canastrão e o ingênuo que nada lembra o naturalismo exacerbado daquilo que é considerado “moderno” pelos lançamentos do mês. No conjunto geral de tais escolhas artísticas, entretanto, há um considerável grau de encanto sensorial que faz com o espectador até se sinta dentro de uma espécie de nostálgico delírio onírico. Por mais que algumas ideias do roteiro e mesmo da concepção visual do filme possam parecer estapafúrdias, quase infantis, há um toque de elegância e sobriedade na direção de Fleischer que dá à “Viagem fantástica” uma notável coerência artística-existencial.

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