A filmografia do diretor italiano Giuseppe Tornatore sempre
andou em um frágil equilíbrio entre um respeitável academicismo
formal-narrativo e uma atmosfera mista de solene e banal, com roteiros com forte
tendência para o novelesco sentimental. Por vezes, tal concepção artística
rendeu alguns bons filmes sem grandes sobressaltos criativos (“Cinema Paradiso”,
“Estamos todos bens”), mas nos últimos tempos ela vinha desandando em uma série
de obras esquecíveis. “O melhor lance” (2013) é o fundo do poço para Tornatore.
Todos aqueles preceitos estéticos e temáticos que por vezes soavam incômodos em
trabalhos anteriores agora soam simplesmente odiosos. Tornatore aparentemente
domina uma técnica, mas de maneira estéril, sem vida, às vezes até resvalando no
rococó ridículo. O tom operístico da narrativa tem a pretensão de uma
grandiosidade barroca – no resultado final, o que fica na cabeça do espectador é
uma narrativa marcada por uma opulência brega e vazia. Se o diretor tivesse
conduzido o filme como uma intencional grande paródia megalomaníaca talvez
pudesse criar algum ponto de interesse para o espectador minimamente exigente.
O problema é que ele faz tudo a sério mesmo, inclusive querendo dar uma
patética dimensão épica para um roteiro ridículo e descerebrado. Nem a novela
mexicana mais vagabunda seria tão equivocada.
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