sexta-feira, maio 04, 2018

O melhor lance, de Giuseppe Tornatore *


A filmografia do diretor italiano Giuseppe Tornatore sempre andou em um frágil equilíbrio entre um respeitável academicismo formal-narrativo e uma atmosfera mista de solene e banal, com roteiros com forte tendência para o novelesco sentimental. Por vezes, tal concepção artística rendeu alguns bons filmes sem grandes sobressaltos criativos (“Cinema Paradiso”, “Estamos todos bens”), mas nos últimos tempos ela vinha desandando em uma série de obras esquecíveis. “O melhor lance” (2013) é o fundo do poço para Tornatore. Todos aqueles preceitos estéticos e temáticos que por vezes soavam incômodos em trabalhos anteriores agora soam simplesmente odiosos. Tornatore aparentemente domina uma técnica, mas de maneira estéril, sem vida, às vezes até resvalando no rococó ridículo. O tom operístico da narrativa tem a pretensão de uma grandiosidade barroca – no resultado final, o que fica na cabeça do espectador é uma narrativa marcada por uma opulência brega e vazia. Se o diretor tivesse conduzido o filme como uma intencional grande paródia megalomaníaca talvez pudesse criar algum ponto de interesse para o espectador minimamente exigente. O problema é que ele faz tudo a sério mesmo, inclusive querendo dar uma patética dimensão épica para um roteiro ridículo e descerebrado. Nem a novela mexicana mais vagabunda seria tão equivocada.

Nenhum comentário: