quarta-feira, maio 09, 2018

Vingadores: Guerra infinita, de Joe e Anthony Russo ***1/2


A forte mortandade de personagens em “Vingadores: Guerra infinita” (2018) pode impressionar os neófitos do Universo Marvel nos quadrinhos. Afinal, nas histórias originais das HQs, alguns dos principais heróis, vilões e coadjuvantes importantes sucumbirem de forma dramática não chega a ser algo exatamente raro. Mesmo porque é bastante provável que algumas edições depois de tais “mortes” as mesmas figuras apareçam ressuscitadas mediante explicações estapafúrdias. Então, é quase certo que na continuação a ser lançada em 2019 todo mundo que morreu reapareça vivinho sem maiores consequências. Isso, entretanto, retira os méritos dessa obra mais recente dos estúdios Marvel? A resposta é não. E até pelo contrário. Talvez o mais fascinante nesse filme dirigido pelos irmãos Russo esteja na capacidade de envolver o espectador em sua narrativa frenética mesmo que abuse de certo clichês temáticos e formais. O fato de ter de conciliar várias tramas paralelas na mesma narrativa por vezes torna o ritmo dessa um tanto irregular, além do roteiro ser claudicante em qualquer cena que envolva uma atmosfera, digamos, mais intimista (com exceção para a dinâmica que se estabelece entre Thanos e Zamora). Tirando tais deslizes compreensíveis, afinal se trata de um blockbuster que obedece a uma fórmula criativa bem delimitada pelo estúdio e até pelo mercado consumidor, “Vingadores: Guerra infinita” consegue reproduzir com fidelidade e convicção boa parte dos encantos que as sagas espaciais dos Vingadores traziam em alguns de seus maiores clássicos (incluindo aí também algumas histórias escritas pelo mestre Jim Starlin para Capitão Marvel, Warlock e Thanos). A combinação entre aventura épica e tiradas humorísticas é bem dosada, gerando algumas sequências de ação memoráveis (nesse sentido, destaque absoluto para as cenas protagonizadas pela trinca Thor, Rocket Raccoon e Groot). E Thanos (Josh Brolin) tem uma caracterização impressionante em termos imagéticos e de densidade psicológica, disparado o melhor vilão no universo fílmico da Marvel. Para quem tinha se decepcionado com o brochante “Era de Ultron” (2015), “Guerra infinita” representa uma bela retomada criativa para a franquia e dá um considerável gostinho de quero mais para a continuação.

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