Essa refilmagem do clássico faroeste de 1960 dirigido por
John Sturges está bem longe de cair na vala comum do mero oportunismo. O que o
diretor Antoine Fuqua faz em “Sete homens e um destino” (2016) é uma releitura
equilibrada, que tanto moderniza algumas nuances temáticas e traços estéticos
quanto preserva a narrativa tradicional de western mitológico e épico. É claro
que a comparação que se faz entre as duas obras diz muito sobre a mudança na
linguagem do cinema de ação que se operaram nas décadas que separam as duas
versões. Diante do formalismo mais frenético da produção desse ano, o filme de
Sturges parece contemplativo, quase como se algo proveniente do cinema europeu.
Ainda assim, o trabalho de Fuqua apresenta um certo rigor em sua realização,
com um roteiro que dá alguma profundidade psicológica para os seus personagens
e que faz com que algumas situações da história tenham um subtexto
sócio-político bem delineado (o discurso inicial do latifundiário-vilão
Bartholomew Bogue sobre a ligação capitalismo e religião é bastante revelador
sobre a hipócrita moral da sociedade ocidental), além de um formalismo
eficiente na sua síntese de fotografia épica, edição bem dosada nos seus cortes
e sequências de ação coreografadas com precisão em suas profusões de tiros e
destruição (com destaque para toda a sequência final do duelo entre os protagonistas
e as dezenas de facínoras comandados por Bogue). E mesmo aspectos que poderiam
soar forçados, como o fato dos “mocinhos” representarem um conjunto étnico mais
diversificado, acabam se inserindo com naturalidade na narrativa. Tais escolhas
artísticas de Fuqua fazem com que o seu filme tenha uma tendência mais realista
do que a obra original, que tinha uma atmosfera mais mítica, evidenciando ainda
que o cinema de ação contemporâneo dos grandes estúdios ainda é capaz de
cativar o espectador sem apelar para excessos pseudo-modernos como os do
terrível “Esquadrão Suicida”.
Um comentário:
Assisti e gostei. Recomendo
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