Abordar uma temática tão espinhosa quanto o suicídio assistido
já credenciaria um certo interesse para “A última lição” (2015), cuja trama
traz como mote principal o desejo de uma mulher de 92 anos, cansada das
atribulações da velhice, de se matar tendo o consentimento de sua família. Uma
história que é inquietante não só pelo ato radical da protagonista, mas também
por confrontar valores e preconceitos morais fortemente arraigados da sociedade
pequeno-burguesa ocidental. Ocorre, entretanto, que a obra da diretora Pascale
Pouzadoux apenas tangencia esse caráter mais questionador, preferindo se
vincular a uma estrutura narrativa de melodrama exagerado, beirando várias
vezes o novelesco. Nesse sentido, a sequência em que a cambaleante personagem
principal faz um parto no pátio do hospital em que está internada é um primor
de apelação sentimental. No mais, o filme padece de um formalismo obtuso e de
uma ausência de sobriedade emocional, o que retira muito da força da narrativa,
resultado numa obra frustrante e que desperdiça talentos como o expressivo
talento dramático de Sandrine Bonnaire.
Nenhum comentário:
Postar um comentário