A estrutura narrativa da produção brasileira “Redemoinho”
(2016) é similar àquela do filme norte-americano “Manchester à beira-mar”
(2016), em que a trama que se desenrola no tempo presente, que tem por mote
principal a sensação obscura de mal-estar existencial de alguns personagens, é
entremeada por trechos do passado que ajudam a explicar o desconforto emocional
de tais indivíduos. O que explica então que a obra de Kenneth Lonergan tenha um
resultado final mais cativante do que o trabalho de José Luiz Villamarin? A
resposta não é tão difícil – falta para a referida produção nacional uma encenação
mais sutil e e uma mão menos pesada na direção. Predomina ainda uma incômoda
atmosfera solene, faltando um certo traquejo irônico nessa abordagem. Ainda que
o roteiro estabeleça alguns conflitos interessantes na história, buscando até
um paralelo entre as questões intimistas com as temáticas do conflito de
classes na sociedade brasileira e os preconceitos morais típicos de uma ordem
patriarcal, as soluções dramáticas que aponta são delineadas de maneira óbvia e
por vezes até simplista. O que garante algum interesse para o filme é a
fotografia acima da média de Walter Carvalho e algumas boas atuações do elenco,
principalmente por parte de Irandhir Santos e Júlio Andrade nos papéis dos
protagonistas.
Um comentário:
Desde já um dos melhores filmes brasileiros desse início de ano
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