Pode-se perceber um padrão autoral peculiar no cinema de
horror praticado pelo diretor norte-americano Rob Zombie. Ainda que trafegue
por alguns dos tradicionais preceitos narrativo do gênero, o cineasta consegue
se diferenciar por uma visão mais sombria e ambígua nas tramas de seus filmes,
em que maniqueísmos na oposição entre o bem e o mal ficam mais difusos, assim
como pela abordagem formal apresentar um estranho e perturbador misto de crueza
e delírio barroco. Tal concepção artística atingiu seu grande ponto alto na
obra-prima “Rejeitados pelo diabo” (2005), mas “As senhoras de Salem” (2013)
preserva ainda bastante do estilo de Zombie. O roteiro centra num dilema básico
dos filmes sobre bruxas, a de mulheres moradoras de Salem que nos dias atuais
ainda sofrem a influência das feiticeiras que séculos atrás foram mortas pelos
fanáticos religiosos da região. O trunfo da produção está na atmosfera sórdida
que permeia a narrativa e na encenação austera realizada por Zombie – nesse conjunto
estético, o filme avança como uma espécie de trágico e algo irônico conto
gótico, em que a sensação de inevitabilidade do triunfo do mal é permanente. As
caracterizações dos personagens são convincentes e carismáticas e se revelam em
sintonia com a ambientação de teor épico e macabro de algumas marcantes
sequências, principalmente na conclusão brutal do filme.
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