A premissa inicial da trama de “Super” (2010) nem chega a
ser exatamente uma grande novidade: depois de alguns desgostos pessoais, o
pacato Frank (Rainn Wilson) decide se tornar um vigilante uniformizado pronto
para combater o crime. O grande diferencial do filme está na abordagem do
diretor James Gunn para essa pequena e um tanto ridícula “saga”. Não há grandes
efeitos especiais e nem coreografias espetaculares de lutas – a narrativa envereda
mais por um misto de humor negro de comicidade perturbada, escatologia e
violência explicitas e caracterização psicológica marcada pela crueza. A
atmosfera do filme se alterna entre o sombrio e o sórdido, enquanto a encenação
também mostra um caráter ambíguo na combinação entre realismo e exagero escrachado.
Em meio as sequências de explosões grotescas de brutalidade e delírios
metafísicos, há um contundente subtexto de reflexão sobre a solidão e o vazio existencial
do indivíduo na sociedade ocidental contemporânea. Nesse sentido, “Super” se
mostra uma produção singular na forma com que entrelaça o aspecto de ser bem divertida
na sua síntese de comédia tresloucada e ação casca-grossa com uma visão
existencial bastante arguta na sua ácida lucidez.
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