As comédias “estudantis”, formato que trazia obras cômicas
que retratavam o cotidiano de jovens classe média em meio a confusões pueris e
descobertas sexuais, se consolidaram como expressivo gênero cinematográfico no
final da década de 70 e boa parte dos anos 80, vide obras como “Clube dos
cafajestes” (1978) e “Porky’s” (1982). O diretor Richard Linklater realiza em “Jovens,
loucos e mais rebeldes” (2015) uma recriação bastante particular desse
universo. Estão lá no filme boa parte dos elementos narrativos inerentes ao
gênero, mas o que diferencia a abordagem de Linklater é a sua encenação sutil e
levemente reflexiva e o estabelecimento de um contexto existencial mais amargo
e irônico. Situada em 1980, a trama se concentra nos últimos dias que antecedem
o começo das aulas em um campus universitário. Há algo de solene na forma com
que Linkater marca o decurso do tempo, como se o passar das horas indicasse os
últimos momentos de inocência e de uma saudável alienação por parte do
protagonista Jake (Blake Jenner) antes que a rotina de obrigações estudantis e
sociais se concretize. Nesse viés, ainda que o verniz aparente seja de
homenagem a um determinado estilo de filme, há também uma intenção de fazer uma
dessacralização do gênero focado. Em meio a esse subtexto mais profundo e às
discretas ousadias do diretor, o filme também sabe preservar as qualidades
desse tipo de comédia: ótimas sequências cômicas, personagens carismáticos e a
preservação carinhosa do velho ideário “sexo, drogas e rock and roll”.
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