O diretor norte-americano Jon Favreau parece manter em sua
filmografia um certo ideário artístico: fazer filmes dentro de um padrão
mainstream, mas que contenham alguns elementos de ironia e esquisitice. Esse
discreto tom autoral pode ser percebido na comédia “Um duende em Nova York”
(2003). A trama do filme até remete àquela tradicional linha de narrativa
derivada de “Um conto de Natal” de Charlie Dickens, em que o espírito natalino
se contrapõe a valores capitalistas desumanos, resultado numa lição de vida
edificante. A partir desse modelo convencional, Favreau insere algumas
características destoantes, como a estranha atmosfera mista de fábula e sátira,
o tom nonsense na encenação de algumas sequências, a caracterização abilolada
de Will Ferrell e um certo sarcasmo mais ácido na forma com que retrata
relações humanas e mesmo os costumes da sociedade pequeno-burguesa
contemporânea. É certo que essa pequena diatribe de Favreau se amolda de acordo
com os ditames de Hollywood, principalmente em sua conclusão, mas ainda assim é
uma obra diferenciada dentro dessa linhagem de “produções natalinas para a
família”.
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