sexta-feira, março 10, 2017

Um duende em Nova York, de Jon Favreau ***

O diretor norte-americano Jon Favreau parece manter em sua filmografia um certo ideário artístico: fazer filmes dentro de um padrão mainstream, mas que contenham alguns elementos de ironia e esquisitice. Esse discreto tom autoral pode ser percebido na comédia “Um duende em Nova York” (2003). A trama do filme até remete àquela tradicional linha de narrativa derivada de “Um conto de Natal” de Charlie Dickens, em que o espírito natalino se contrapõe a valores capitalistas desumanos, resultado numa lição de vida edificante. A partir desse modelo convencional, Favreau insere algumas características destoantes, como a estranha atmosfera mista de fábula e sátira, o tom nonsense na encenação de algumas sequências, a caracterização abilolada de Will Ferrell e um certo sarcasmo mais ácido na forma com que retrata relações humanas e mesmo os costumes da sociedade pequeno-burguesa contemporânea. É certo que essa pequena diatribe de Favreau se amolda de acordo com os ditames de Hollywood, principalmente em sua conclusão, mas ainda assim é uma obra diferenciada dentro dessa linhagem de “produções natalinas para a família”.

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