É bem provável que se “Insubstituível” (2016) fosse
realizado dentro dos padrões “normais” de Hollywood o resultado final seria bem
diferente. E para pior. O estilo do diretor Thomas Lilti tem uma certa
discrição emocional e há uma sobriedade na condução da narrativa. O subtexto da
trama tem carga simbólica considerável em termos de observação política e
social – fala de um conjunto de valores típicos de uma concepção de bem-estar
social que foi típica da Europa Ocidental por décadas e que agora se encontra
em declínio. Ainda que tenha esses pontos relevantes, essa produção francesa se
mostra um tanto anacrônica e desprovida de uma maior identidade artística tendo
em vista estar muito ligadas a convencionalismos formais típicos do melodrama.
A estética discreta da direção de Lilti é até por vezes agradável, mas falta a “Insubstituível”
aquela tensão dramática e mesmo a fúria existencial que tornaram tão cativantes
e memoráveis filmes como “Aquarius” e “Eu, Daniel Blake”, outros dramas sociais
lançados em 2016.
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