Para os acostumados com os melodramas padrão Hollywood sobre
famílias disfuncionais, “Irmã” (2016) pode até causar alguma surpresa por
algumas aparentes “esquisitices” formais e temáticas – personagens com algumas
bizarrices em suas caracterizações, formalismo com um certo tom de crueza,
roteiro que sugere uma visão mais libertária e menos moralista em suas
soluções, a ótima trilha sonora baseada em solos de baterias desgovernados e
memoráveis canções no estilo “metal punk gótico”. Além disso, a trama traz um
interessante recorte histórico, pois se desenrola pouco antes da primeira
eleição de Barack Obama para presidente dos Estados Unidos, o que evidencia a
expectativa e a esperança de tempos melhores depois de uma gestão republicana
marcada por guerras e perseguições políticas. No final das contas, entretanto,
tais aspectos diferenciais não conseguem interagir de forma plenamente
satisfatória, resultando em uma narrativa oscilante e por vezes
despersonalizada na sua constante reciclagem de clichês típicos do cinema
independente norte-americano. É claro que por vezes em algumas passagens o
filme até consegue divertir e mesmo gerar algum encanto, principalmente na
sequência da festa de halloween particular da família da protagonista Colleen
(Addison Timlin), mas falta uma direção mais segura e ousada por parte do
diretor Zach Clark no sentido de explorar com mais criatividade alguns fatores
promissores da trama. Nesse sentido, é só lembrar do extraordinário “O casamento
de Rachel” (2008), que a partir de temática e estética semelhantes à “Irmã”
tinha um resultado final bem mais impactante.
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