Se em “Violette” (2013) o diretor francês Martin Provost
conseguiu estabelecer uma narrativa marcada pelo classicismo sóbrio para contar
uma história real que refletia de forma vigorosa alguns dos principais dilemas
e conflitos artísticos-existenciais do século XX, em “O reencontro” (2017) ele
envereda pelo gênero do melodrama de maneira bem menos contundente. A trama de
caráter intimista até evoca um certo viés sócio-político no retrato de uma
sociedade europeia cada vez mais desumanizada e vinculada a um regime sócio-econômico
excludente e individualista. Por outro lado, Provost se rende a truques
sentimentais um tanto apelativos e a soluções narrativas bastante formulaicas,
ainda que a sua encenação guarde uma interessante síntese entre rigor e
naturalidade. Além disso, há boas atuações em seu elenco, principalmente no trio
protagonista vivido por Catherine Deneuve, Catherine Frot e Olivier Gourmet.
Mas faltou para o filme aquela crueza formal cortante e o humanismo sem
concessões que tornam as produções dos irmãos Dardenne, por exemplo, tão memoráveis
dentro dessa linhagem de obras sócio-intimistas.
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