terça-feira, outubro 17, 2017

Blade Runner 2049, de Denis Villeneuve **1/2

Se a continuação de um filme marcante só aparece 35 anos após o lançamento da obra original é de se presumir que tal “demora” seja justificada por um tremendo cuidado artístico em sua concepção e realização. Assistindo-se a “Blade Runner 2049” (2017), entretanto, não é essa a impressão que salta aos olhos. Há elementos na produção que realçam algo de diferente – a bela trilha sonora que sintetiza com bizarra harmonia melodias e dissonâncias, a direção de arte que concilia estilização e realismo sórdido, a fotografia de requintada sobriedade imagética e mesmo a composição dramática precisa de Ryan Gosling no papel do protagonista K/Joe. O problema é que a junção dessas partes não resulta em um todo convincente, principalmente pela narrativa irregular e por um roteiro que resvala por várias vezes no simplório. Se a obra-prima de 1982 dirigida por Ridley Scott foi um verdadeiro marco da ficção científica, ao juntar aspectos fundamentais e singulares do gênero mencionado com preceitos de cinema noir e influenciando uma série de filmes na linha futurista distópica ou apocalíptica, essa continuação dirigida por Denis Villeneuve mais parece um pálido derivativo dessas obras herdeiras do longa-metragem original. Não há aquela atmosfera enigmática, a ambientação algo imprecisa, os personagens ambíguos, a sensualidade insólita, as econômicas e antológicas sequências de brutalidade. O que fica em “Blade Runner 2049” é a necessidade contemporânea de amarrar todas as pontas da trama para deixar tudo mastigado para o espectador, as cenas de ação marcadas pelo banal tom apoteótico, os clichês mal ajambrados do roteiro, o tedioso tom solene da narrativa. Isso sem falar que a atuação de Harrison Ford mais faz lembrar um Han Solo aposentado e canastrão do que um Rick Deckard amadurecido e amargo.

2 comentários:

Marcelo Castro Moraes disse...

Aceito a sua opinião mas recomendaria assistir ao filme uma segunda vez https://cinemacemanosluz.blogspot.com.br/2017/10/cine-dica-em-cartaz-blade-runner-2049.html

Unknown disse...

Eu amei muito a história do filme. Ryan Gosling é um homem muito carismático e Professional, se entrega a cada um dos seus projetos. Em Blade Runner 2049 elencor faz um ótimo trabalho, fiquei emocionada, fez uma atuação maravilhosa, o filme tem uma grande historia e acho que o papel que ele interpreta caiu como uma luva, sem dúvida vou ver este filme novamente.