terça-feira, julho 24, 2018

É apenas o fim do mundo, de Xavier Dolan **


A força dos filmes mais significativos do diretor canadense Xavier Dolan está no vigor da encenação. Os roteiros tinham um direcionamento básico de melodrama familiar, com poucas variações, mas embalados em uma desconcertante dinâmica cênica. Em “É apenas o fim do mundo” (2016), justamente aquilo que diferenciava a concepção artística de Dolan acaba caindo por terra em nome de uma desgastada formatação teatral. Sai a crueza naturalista e entra em seu lugar uma estilizada narrativa que em momento algum consegue convencer. O roteiro acentua ainda mais essa impressão – parece uma variação pouco imaginativa e sentimental em excesso das peças mais conhecidas de Tennessee Williams. O que salva um pouco as coisas são algumas composições dramáticas intensas de parte do elenco. Insuficientes, entretanto, para tirar o filme do enfadonho.

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