A força dos filmes mais significativos do diretor canadense
Xavier Dolan está no vigor da encenação. Os roteiros tinham um direcionamento
básico de melodrama familiar, com poucas variações, mas embalados em uma desconcertante
dinâmica cênica. Em “É apenas o fim do mundo” (2016), justamente aquilo que
diferenciava a concepção artística de Dolan acaba caindo por terra em nome de
uma desgastada formatação teatral. Sai a crueza naturalista e entra em seu
lugar uma estilizada narrativa que em momento algum consegue convencer. O
roteiro acentua ainda mais essa impressão – parece uma variação pouco
imaginativa e sentimental em excesso das peças mais conhecidas de Tennessee
Williams. O que salva um pouco as coisas são algumas composições dramáticas
intensas de parte do elenco. Insuficientes, entretanto, para tirar o filme do
enfadonho.
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