Ver um filme de Buster Keaton no auge da forma artística
continua a ser uma experiência desconcertante, mesmo em pleno século XXI. “Bancando
o águia” (1924) é prova enfática dessa constatação. A uma encantadora comicidade
ingênua, com uma trama flertando por vezes com o melodrama, soma-se um afiado senso
cênico e uma concepção visual-narrativa que envereda de maneira fluente para o
onírico e o delirante. As coreografias de quiproquós e perseguições tem um
detalhismo gráfico impressionante e são executadas com precisão assustadoras,
fazendo com que várias sequências desse média-metragem grudem no nosso
imaginário. As criativas trucagens e o roteiro a juntar elementos de comédia de
costumes, policial e fantasia ajudam também a compor uma obra que discorre
sobre as inúmeras possibilidades artísticas da própria arte cinematográfica.
Poucas vezes uma produção versou sobre o universo do cinema com tanta maestria
e sensibilidade.
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