segunda-feira, outubro 22, 2018

Bancando o águia, de Buster Keaton ****


Ver um filme de Buster Keaton no auge da forma artística continua a ser uma experiência desconcertante, mesmo em pleno século XXI. “Bancando o águia” (1924) é prova enfática dessa constatação. A uma encantadora comicidade ingênua, com uma trama flertando por vezes com o melodrama, soma-se um afiado senso cênico e uma concepção visual-narrativa que envereda de maneira fluente para o onírico e o delirante. As coreografias de quiproquós e perseguições tem um detalhismo gráfico impressionante e são executadas com precisão assustadoras, fazendo com que várias sequências desse média-metragem grudem no nosso imaginário. As criativas trucagens e o roteiro a juntar elementos de comédia de costumes, policial e fantasia ajudam também a compor uma obra que discorre sobre as inúmeras possibilidades artísticas da própria arte cinematográfica. Poucas vezes uma produção versou sobre o universo do cinema com tanta maestria e sensibilidade.

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