O fato de David Gordon Green ser o diretor responsável pela
retomada do universo original da franquia “Halloween” não é gratuito. O
cineasta norte-americano em questão tem uma espécie de norte criativo em boa
parte da sua filmografia que é uma abordagem estética marcada pelo classicismo
típico das décadas de 70 e 80 e na revitalização de gêneros proeminentes
naquela época. Nessa concepção artística, ele dirigiu alguns filmes memoráveis
em vertentes diversas: melodrama (“Prova de amor”), policial (“Contra corrente”),
comédias entre o juvenil e o escrachado (“Segurando as pontas”, “O babá(ca)”) e
até a fantasia medieval (“Sua alteza?”). Assim, nada mais natural que ele
resolvesse reciclar o horror slasher em “Halloween” (2018). Mais do que mero
oportunismo mercadológico, entretanto, Green demonstra notável sobriedade
narrativa na forma com que conduz mais esse capítulo na saga do psicopata Michael
Myers. O roteiro por vezes até se perde um pouco entre exageros e
inconsistências, mas isso tudo se compensa por uma encenação precisa tanto na
interação dramática entre os personagens quanto no perturbador detalhismo
gráfico das sequências de forte teor gore. E por mais que se saiba que a
história se passe nos dias atuais, a direção de fotografia repleta de nuances e
o sereno ritmo da montagem dão à produção uma fascinante atmosfera de
atemporalidade. Nesse bem delineado formalismo de “Halloween” se revela com
sutileza uma carinhosa homenagem de Green ao estilo muito particular de filmar
do grande John Carpenter.
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