sexta-feira, outubro 26, 2018

Tratamento de choque, de Peter Segal **1/2


A figura do sujeito reprimido que ao não saber expressar suas emoções acaba entrando em uma relação conturbada com aqueles que o cercam já havia sido interpretada, de certa forma, pelo mesmo Adam Sandler em “Embriagados de amor” (2002). Mas enquanto no filme de Paul Thomas Anderson a abordagem artística-existencial era menos óbvia e mais complexa e desconcertante, em “Tratamento de choque” (2003) as soluções criativas encontradas pelo diretor Peter Segal em termos temáticos e estéticos descambam para o moralismo fácil e para uma narrativa frouxa e despersonalizada. Sandler até procura dar alguma consistência cômica e dramática para o seu personagem e mesmo a presença de um Jack Nicholson exagerado e caricatural dá um certo peso para o filme, principalmente nos embates cênicos marcados pelo grotesco entre os dois atores. Ainda assim, a insistência de Segal pelo convencionalismo formal e por um roteiro quadradinho acabam tirando muito do vigor que a produção poderia ter.

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