A figura do sujeito reprimido que ao não saber expressar
suas emoções acaba entrando em uma relação conturbada com aqueles que o cercam
já havia sido interpretada, de certa forma, pelo mesmo Adam Sandler em “Embriagados
de amor” (2002). Mas enquanto no filme de Paul Thomas Anderson a abordagem
artística-existencial era menos óbvia e mais complexa e desconcertante, em “Tratamento
de choque” (2003) as soluções criativas encontradas pelo diretor Peter Segal em
termos temáticos e estéticos descambam para o moralismo fácil e para uma
narrativa frouxa e despersonalizada. Sandler até procura dar alguma
consistência cômica e dramática para o seu personagem e mesmo a presença de um
Jack Nicholson exagerado e caricatural dá um certo peso para o filme, principalmente
nos embates cênicos marcados pelo grotesco entre os dois atores. Ainda assim, a
insistência de Segal pelo convencionalismo formal e por um roteiro quadradinho
acabam tirando muito do vigor que a produção poderia ter.
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