terça-feira, outubro 30, 2018

Sobrenatural, de James Wan **


O diretor James Wan pode ser considerado como o nome mais expressivo do horror cinematográfico mainstream contemporâneo, pelo menos em termos comerciais. A milionária franquia “Invocação do mal” e seus derivados são provas enfáticas dessa constatação. Se formos pensar no lado artístico disso, entretanto, pode-se ver que ele está muito mais para um esforçado reciclador de clichês narrativos do que para um cineasta de evidente marca autoral ou mesmo com uma pegada mais criativa, ainda que por vezes ele se mostre eficaz nessa sua abordagem mais convencional. “Sobrenatural” (2010) é um exemplar esclarecedor dessa tendência estética-temática de Wan. Todos os artifícios narrativos são puro deja vu de coisas que o espectador já viu diversas vezes em produções do gênero: o roteiro que sintetiza “O exorcista” com filmes de casa mal-assombrada, trucagens digitais um tanto assépticas, encenação e enquadramentos que obedecem as fórmulas de sustos fáceis e óbvios. Ok, pode-se dizer que parte do público desse tipo de filme espera isso mesmo e nesse sentido o filme de Wan entrega até com alguma eficiência esse arsenal de truques baratos. É fato também, entretanto, que a previsibilidade formal-textual de “Sobrenatural” tira muito da tensão dramática da obra, fazendo com que aquelas sequências que deveriam ser efetivamente assustadoras acabem tendo um impacto sensorial irrelevante. Ou seja, o filme até pode distrair por uma hora e meia, mas no final das contas é uma experiência audiovisual banal e pouco memorável.

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Assisti a somente o primeiro e o segundo filme. Depois disso é só caça níquel