Nas produções audiovisuais ligadas ao universo Cloverfield,
há uma curiosa variação de gêneros. Se em “Cloverfield” (2008) a narrativa se
vinculava aos filmes de monstros na linha Godzilla, em “Rua Cloverfield, 10”
(2016) predominava a linha do thriller psicológico. No mais recente “The
Cloverfield Paradox” (2018), o que se tem é uma ficção-científica propriamente
dita. Dentro dos cânones típicos dessa linhagem de produções, a obra de Julius
Onah tem alguns pontos promissores – o roteiro aborda com razoável profundidade
a questão de universos paralelos, além de fazer interessantes especulações
sobre o futuro geopolítico do mundo. A direção de arte apresenta um certo grau
de realismo, no sentido de que a ambientação tecnológica-científica pareça verossímil
para o espectador. Essas boas impressões iniciais, entretanto, sucumbem a uma
narrativa e encenação pouco imaginativas e a uma concepção estética asséptica
em demasia. A impressão constante é a de uma obra de ficção científica que foi
excessivamente lapidada para um público pouco afeito ao gênero. Ainda que “Rua
Cloverfield, 10” tenha sido uma boa surpresa, com esse “The Cloverfield Paradox”
fica ainda a impressão, no cômputo geral, que as boas possibilidades criativas
do universo Cloverfield continuam subaproveitadas.
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