Mais do que uma mera refilmagem do clássico “A aldeia dos
malditos” (1960), “A cidade dos amaldiçoados” (1995) é um exemplar contundente
da indelével e coerente marca autoral do cinema do diretor norte-americano John
Carpenter. A construção da narrativa e as atmosferas de tensão são marcadas
pela sobriedade, enquanto o grafismo violento e as trucagens são articulados
com notável senso de contenção dramática. Os sustos típicos de um filme de
horror estão lá, mas mesmo que sejam previsíveis também são perversamente
eficazes. Carpenter sabe aproveitar com maestria as possibilidades criativas do
material que tem em mãos, principalmente no sutil subtexto erótico da trama e
do traço perturbador de ter crianças como as principais vilãs da história. Ao
contrário da grande maioria das franquias de horror que grassam atualmente nos
multiplexes da vida, o filme não se rende a um tratamento formal asséptico ou a
um teor excessivamente conservador nas soluções do roteiro. Pelo contrário,
pois consegue uma abordagem estética-temática sombria e por vezes até irônica
dentro dos preceitos característicos do horror tradicional.
Um comentário:
Uma pena que já houve duas tentativas de haver um curso de cinema sobre John Carpenter em Porto Alegre e até agora não rolou. https://cinemacemanosluz.blogspot.com/
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