quinta-feira, novembro 01, 2018

Fala comigo, de Felipe Sholl ***


Em termos de roteiro e encenação, “Fala comigo” (2016) é uma obra que de maneira constante flerta com o convencional, ainda que a sua narrativa seja envolvente para o espectador e em algumas passagens a trama apresente um teor mais libertário. Ou seja, não chegaria a ser algo de especialmente memorável. O que dá ao filme do diretor Felipe Sholl uma certa transcendência artística e o cola no nosso imaginário é a atuação monumental de Karine Teles no papel de uma maníaca-depressiva quarentona que se envolve romanticamente com um adolescente. Os grandes momentos dramáticos da produção, e mesmo os cômicos, ficam concentrados nas notáveis nuances de interpretação de Teles, que constrói uma personagem que varia de forma admirável entre o obsessivo, o sensual e o carismático. Ela ajuda a dar consistência criativa e empatia para os momentos mais cruciais do filme, principalmente nas intensas sequências eróticas e nas cenas com foco em diálogos espirituosos e irônicos. E esse desempenho da atriz não se trata de um acerto pontual em sua carreira, pois ela se mostrou ainda mais brilhante em “Benzinho” (2018).

Um comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Karine Teles dá novamente um show de interpretação nesse filme