segunda-feira, novembro 12, 2018

George Harrison: Living in the material world, de Martin Scorsese ***


A combinação Martin Scorsese e documentário musical sempre chamará a atenção de quem gosta de cinema e música. Afinal, o diretor norte-americano tem em seu currículo algumas obras memoráveis no gênero. Nesses termos, pela alta expectativa que se pode criar, “George Harrison: Living in the material world” (2011) acaba sendo um tanto decepcionante. É claro que que está longe de ser um filme ruim. Afinal, Scorsese sabe conduzir uma narrativa, o material audiovisual de arquivo é farto e relevante e a própria figura do biografado é mais do que interessante. O que falta efetivamente para a produção é foco e conceito melhores definidos, aspectos esses que eram articulados com precisão em “O último concerto de rock” (1978), “Feel like going home” (2003) e “Bob Dylan – No direction home” (2005). Na obra sobre Harrison, fica insinuado que talvez o objetivo de Scorsese fosse relacionar as intensas inquietações espirituais de seu protagonista com a sua própria produção artística. A duração excessiva do filme, o acúmulo exagerado de um determinado tipo de informações (por vezes, parece que estamos apenas assistindo a mais um protocolar documentário sobre os Beatles) e a falta de uma exposição mais minuciosa sobre outros tipos de fatos (principalmente de uma dissecação um pouco mais minuciosa sobre a discografia de Harrison) tornam a narrativa por vezes cansativa e redundante. Ou seja, é uma obra que tem os seus momentos envolventes e tem um certo caráter obrigatório para quem gosta da temática e dos artistas envolvidos, mas está bem longe de ser o material definitivo e referencial sobre a figura de Harrison.

Nenhum comentário: