A combinação Martin Scorsese e documentário musical sempre
chamará a atenção de quem gosta de cinema e música. Afinal, o diretor
norte-americano tem em seu currículo algumas obras memoráveis no gênero. Nesses
termos, pela alta expectativa que se pode criar, “George Harrison: Living in
the material world” (2011) acaba sendo um tanto decepcionante. É claro que que
está longe de ser um filme ruim. Afinal, Scorsese sabe conduzir uma narrativa,
o material audiovisual de arquivo é farto e relevante e a própria figura do
biografado é mais do que interessante. O que falta efetivamente para a produção
é foco e conceito melhores definidos, aspectos esses que eram articulados com
precisão em “O último concerto de rock” (1978), “Feel like going home” (2003) e
“Bob Dylan – No direction home” (2005). Na obra sobre Harrison, fica insinuado
que talvez o objetivo de Scorsese fosse relacionar as intensas inquietações
espirituais de seu protagonista com a sua própria produção artística. A duração
excessiva do filme, o acúmulo exagerado de um determinado tipo de informações
(por vezes, parece que estamos apenas assistindo a mais um protocolar
documentário sobre os Beatles) e a falta de uma exposição mais minuciosa sobre
outros tipos de fatos (principalmente de uma dissecação um pouco mais minuciosa
sobre a discografia de Harrison) tornam a narrativa por vezes cansativa e
redundante. Ou seja, é uma obra que tem os seus momentos envolventes e tem um
certo caráter obrigatório para quem gosta da temática e dos artistas
envolvidos, mas está bem longe de ser o material definitivo e referencial sobre
a figura de Harrison.
Boa parte de amigos e conhecidos costuma dizer que as minhas recomendações para filmes funcionam ao contrário: quando eu digo que o filme é bom é porque na realidade ele é uma bomba, e vice-versa. Aí a explicação para o nome do blog... A minha intenção nesse espaço é falar sobre qualquer tipo de filme: bons e ruins, novos ou antigos, blockbusters ou obscuridades. Cotações: 0 a 4 estrelas.
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